domingo, 15 de novembro de 2009

Nuno Ramos vence prémio Portugal Telecom



O escritor brasileiro Nuno Ramos, autor do livro "Ó", venceu a edição 2009 do Prémio Portugal Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, anunciou o presidente-executivo da empresa, Zeinal Bava.
Os autores brasileiros João Gilberto Noll, com "Acenos e afagos", e Lourenço Mutarelli, com "A arte de produzir efeito sem causa", ficaram, respectivamente, em segundo e terceiro lugares.
Numa conferência de Imprensa, em São Paulo, Brasil, o escritor Nuno Ramos revelou-se "surpreso" com o prémio, que vai na sua sétima edição. "Com a maior sinceridade, tinha a certeza de que não ia ganhá-lo", referiu.
O presidente-executivo da Portugal Telecom salientou que o galardão "conquistou, com mérito próprio, o lugar de destaque na cultura portuguesa. A herança cultural mais preciosa é o próprio acto de ler. Vivemos tempos extraordinários e não podemos intimidar-nos com as mudanças", sustentou, durante o anúncio do prémio.
Nascido em São Paulo, em 1960, Nuno Ramos é artista plástico, formado em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP), com exposições já realizadas em diversos países.
O romance "Ó" é o seu quarto livro, sendo que os três anteriores tiveram tiragens "muito pequenas entre dois mil e três mil exemplares", disse o vencedor do prémio.
"Venho de uma outra praia, as artes plásticas. Não sou muito desse mundo (literatura). Procuro um caminho diverso, não serei um escritor de massas", salientou Nuno Ramos.
Os vencedores foram escolhidos entre dez finalistas, que incluíam os portugueses Inês Pedrosa, com "A eternidade e o desejo"; Gonçalo M. Tavares, com "Aprender a rezar na era da técnica"; José Luís Peixoto, com "Cemitério de pianos", e António Lobo Antunes, com "Ontem não te vi em Babilónia".
Mais de 500 livros participaram da edição deste ano do Prémio Portugal Telecom em Língua Portuguesa, um recorde desde a criação do galardão. Os três vencedores receberam prémios de 39.215 euros, 13.725 euros e 5.882 euros, respectivamente primeiro, segundo e terceiro classificados.






sexta-feira, 13 de novembro de 2009

1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer


Em "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer" (Sextante), 90 jornalistas e críticos de música de renome internacional apresentam uma seleção de álbuns que abrangem desde as origens do rock n' roll nos anos 50 aos sucessos contemporâneos. Cada álbum citado é contextualizado historicamente e os comentários sobre as músicas são acompanhados de curiosidades sobre as gravações, os bastidores ou a vida dos artistas.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Recentemente lançado nos Estados Unidos, Jim Marshall mostra suas melhores fotos de ícones do rock ‘n’roll.




















Ele já esteve com Jimi Hendrix, Bob Dylan, Jim Morrisson, Aretha Franklin, Mick Jagger, The Beatles e The Who. E recordou todos estes momento com sua velha Leica.
Inveja? Talvez, mas saiba que Jim Marshall não guardou todos estes momentos só para ele. Com quase 50 anos de carreira, o famoso fotógrafo de ícones do rock ‘n’roll acaba de lançar nos Estados Unidos o livro “Trust: Photographs of Jim Marshall”.
Com anotações do próprio autor em cada página, o livro apresenta fotos clássicas de diversos artistas, como Jimi Hendrix ateando fogo em sua guitarra, no Monterey Pop Festival em 1967; Johnny Cash com seu famoso dedo do meio e The Beatles no backstage de seu último show.

PS : créditos nas fotos,
RAY CHARLES : Ray Charles fotografado nos estúdios ABC Paramount, em Nova York. Sobre a sessão, Marshall brinca “Ele nunca gostou das minhas fotos” / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
THE WHO : The Who fotografado em São Francisco, Califórnia, em 1968 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
JOHNNY CASH :Johnny Cash fotografado em Folsom Prisom, na Califórnia, em 1968 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
LED ZEPELIN : Led Zeppelin fotografado no hotel Hyatt House em Los Angeles, em 1970 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
THE DOORS : Jim Morrisom, do The Doors, fotografado no Northern Californa Folk Rock Festival em San Jose, Califórnia, em 1968 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
BOB DYLAN: Bob Dylan fotografado em Nova York, em 1963 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
ARETHA FRANKLIN: Aretha Franklin no camarim em Filmore West, em fevereiro de 1971 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
BEATLES: The Beatles fotografado em seu camarim no estádio Candlestick Park, em São Francisco, no dia 29 de agosto de 1966 / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).
JANIS JOPLN: Capa do livro / Photograph © Jim Marshall from the book Trust: Photographs of Jim Marshall (Omnibus Press).


















































































































"JUDAS, O OBSCURO", DRAMA E TRAGÉDIA DE NOSSA CIVILIZAÇÃO.



''É indiscutível que o século XIX e o XX vão ambos ficar caracterizados, literariamente, pelo predomínio quase absoluto do romance como gênero literário. Ora, dentro do romance, também é fora de dúvida que a Inglaterra não cede um passo a França na luta pela primazia mundial. Ainda seguindo o mesmo critério de excelência, ninguém negará que, na Inglaterra, Thomas Hardy pertence a uma categoria absolutamente ímpar, junto com Dickens, Meredith, Falsworthy, Lawrence e alguns poucos outros. E com mais certeza ainda se poderá afirmar que, na obra de Thomas Hardy, nenhum romance pode disputar a primazia a “Judas, o Obscuro”. Resulta, portanto, de tudo isso, que este romance é, inegavelmente, uma das maiores obras-primas que a humanidade possui e um dos livros que mais fielmente podem refletir o drama ou a tragédia que a nossa civilização vive. Toda a problemática do homem moderno, na sua vida íntima, aí está refletida, graças à extraordinária sensibilidade e ao excepcional poder criador de perfeitas incarnações do homem sensível e delicado, bom e puro, que a máquina impiedosa das convenções sociais e dos egoísmos individuais não hesita em esmagar, sem nem sequer desconfiar da desgraça que está ocasionando. Mas, que pode ele fazer senão ser ele mesmo? E pode ela fazer senão ser ela mesma? Judas não só não conseguirá construir o seu futuro, realizar os sonhos de infância, como nada poderá fazer contra o seu destino de perseguido e de eterno ignorado. Desconhecido, incompreendido, enganado, só poderá responder aos golpes da vida com a pureza do seu gesto, tantas vezes repetido, de desvendar inutilmente aos olhos de todos o seu coração de homem. Os que o rodeiam viram então a face, porque suas feridas ferem a eles próprios. Não o compreende, na cegueira dos seus pequenos preconceitos de mulher conscientemente inteligente demais para o seu meio, a criatura que ama e amará a vida interia acima de todas as coisas. E a outra é só mentiras e engodo. Uma e outra dele só se aproximarão para reforçar, de um dos modos mais trágicos a que já nos foi dado assistir, o grito lancinante do poeta contra a mulher: “Tu n’es jamais la soeur de charité, jamais!”. Por outro lado, o que torna ainda maior e mais classicamente trágico “Judas, o Obscuro” é que essa verdadeira Biografia de um fracassado foi escrita por um dos homens que mais profunda e mais delicada, mais piedosamente, souberam se inclinar sobre o sofrimento humano. Poucos livros serão mais tristes – amargo, nas suas páginas finais, com poucos livros terão sido amargos. Poucos possuem, em tão alto grau, o sentido da tragédia humana, no que ela tem de mais absolutamente insolúvel e eterno. Acompanhando Judas, passo a passo, no seu terrível calvário, é o próprio homem que Thomas Hardy acompanha. É o Absoluto que se atinge, através dessa experiência de homem, e de homem em luta com as realidades sociais de usa época. E é por isso que o valor da obra me parece inexcedível, como inexcedível é a sua importância para a nossa experiência individual. ''
Octávio de Faria – Tradutor do romance – Judas, o Obscuro – de Thomas Hardy, em Nota Preliminar – ed. Itatiaia – 1958.